O airbag será obrigatório; mas e os cintos e o sistema ABS nos freios? |
por FERNANDO CALMON |
Embora ainda dependendo de sanção presidencial, a lei aprovada no Congresso Nacional que obriga todos os automóveis de passageiros fabricados ou vendidos no país a ser equipados com airbags duplos como equipamento de série dentro de cinco anos, nada acrescenta. Esta coluna, em junho do ano passado, alertava que a Resolução 221, de 11 de janeiro de 2007, do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), já regulamentava e estabelecia a obrigatoriedade de forma indireta. A resolução prevê, no artigo 1º, que automóveis e camionetas ou deles derivados, nacionais e importados, devem cumprir requisitos estabelecidos pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para proteção aos ocupantes, com avaliação de critérios biomecânicos em ensaio de impacto frontal em laboratório. As exigências são mais inteligentes do que a lei recente porque não engessam a solução técnica de responsabilidade do fabricante. Atualmente só airbags atendem os requisitos da resolução, porém deixa em aberto opções diferentes no futuro, de igual ou maior eficiência. Trata-se de mais um exemplo de legislar para a plateia. As pessoas se impressionam com as bolsas de ar, mas nem imaginam que os cintos de segurança são fundamentais. Sem a ajuda deles, airbags praticamente ficam sem função, em caso de acidente grave, pois funcionam como dispositivo suplementar. Se os nobres deputados e senadores estivessem bem assessorados, tratariam de avançar na modernização dos cintos, antes de apenas alçar airbags a um pedestal acima da realidade. Um leitor perguntou sobre a possibilidade de usar almofada de amortecimento na parte superior do cinto para proteger ossos dos ombros. É um equívoco comum, pois afrouxar a pressão retira a maior parte de sua proteção. A tecnologia atual introduziu cintos com pré-tensionadores e limitadores de esforço. Mecanismos automáticos eliminam qualquer folga e ainda evitam possíveis ferimentos no atrito entre o corpo e o cinto. Alguns modelos nacionais e vários importados já trazem esse avanço como item de série. Os legisladores desperdiçaram ótima oportunidade de melhorar a segurança passiva (proteção pós-acidente) dos veículos. Também nada se evoluiu em segurança ativa, aquela que evita ou diminui a possibilidade de um choque ocorrer. Caso dos freios ABS: eliminam o travamento das rodas, permitem o controle direcional e diminuem distâncias de parada em especial no piso molhado ou escorregadio. Recurso técnico às vezes incompreendido, o sistema salva vidas e diminui a gravidade de ferimentos, mas sua eficácia é menos fácil de aferir e valorizar. Não conta com a espetaculosidade de bolsas de ar e seu efeito demonstração. Que além de caras, precisam ser repostas a um preço alto, se inflarem. ABS atua nos momentos de perigo e executa sua função quantas vezes for necessário. Hoje 76% dos automóveis produzidos no mundo saem de fábrica com freios antitravamento – nos grandes mercados quase 100%. Aqui se limita a 15%. Dispositivos de segurança deveriam receber incentivo fiscal, compensável automaticamente pela diminuição de gastos do país em acidentes de trânsito. Mas ninguém para e pensa. Mesmo quem é pago para isso. Roda Viva FINALMENTE saiu o primeiro modelo cujo motor flex dispensa a gasolina para ajudar na primeira partida em dias frios (abaixo de 14ºC). Por enquanto, trata-se de uma série especial do Polo, batizada de E-Flex. Desenvolvido pela Bosch, é robusto e confiável. Confirma informações da coluna de que o custo atrasou o projeto. Pode demorar até todos os carros receberem o sistema. VENDAS são bem pequenas, mas ainda há espaço no mercado para automóveis de imagem como o Punto T-Jet. Único produzido no Brasil com motor turbo (italiano), de 1,4 litro e 152 cv. Empolga ao acelerar, mas um pouco menos em recuperações. Projeto bastante coerente: suspensão firme, pneus de perfil baixo, bancos com boa sustentação do corpo (forração mista de couro e tecido) e conjunto estético agradável externa e internamente. QUANTO ao Vectra GT, que recebeu o mesmo pacote visual do sedã recém-retocado, o motor de 2 litros/140 cv (etanol) ainda está distante de demonstrar o desempenho sugerido pela sigla (significa grã-turismo). Cerca de 100 kg mais leve que a versão de três volumes, mostra um pouco mais de fôlego graças ao aumento de potência em relação ao motor anterior. BMW oferece agora nos EUA um serviço de aviso automático por GPS em caso de acidente com os seus modelos, semelhante ao On Star da GM, que foi pioneiro. A novidade é um algoritmo capaz de calcular a severidade do choque. Assim, ao ser acionada, a equipe de socorro segue para o local já informada sobre o provável estado dos feridos a bordo, o que ajuda no atendimento às vítimas. CORREÇÃO: o atual executivo do Contran, Alfredo Peres da Silva, assumiu o carro em novembro de 2005. Assim, em pouco mais de três anos, tirou o conselho da letargia de antes. No período, assinou cerca de 120 resoluções. |
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Legislando para a plateia
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