Medida visa não paralisar o mercado, que ainda não está consolidado.
Redução do imposto foi implementada em dezembro de 2008.
Volta do IPI deverá ser gradual para não impactar vendas
Até o dia 30 o governo deverá anunciar o aumento gradual das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os automóveis, mantendo um benefício fiscal decrescente para incentivar o consumo enquanto a economia não apresenta sinais inequívocos de recuperação.
Na avaliação dos técnicos que estão concluindo a proposta de retomada gradual da tributação dos veículos, os efeitos da medida, que já dura seis meses, foi importante, mas ela não é a única responsável pelo desempenho das vendas. O crédito, que tinha desaparecido, está se normalizando, e os prazos dos financiamentos para compra de carros, que encolheram bastante após a disparada da crise financeira mundial, em setembro de 2008, já estão maiores. Portanto, o retorno gradual do imposto não deverá provocar redução importante das vendas.
Por outro lado, o governo não deve ficar inerte à perda de receitas tributárias. Nesta semana os ministros da área econômica terão um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva exatamente para discutir sobre eventuais cortes de despesas, diante da queda da arrecadação até maio.
Nos primeiros cinco meses do ano, a receita foi R$ 16,89 bilhões inferior ao coletado no mesmo período de 2008. Nas projeções do início do ano, o governo calculou que neste ano arrecadaria R$ 63 bilhões a menos do que em 2008. Em maio, porém, o caixa da União teria perdido R$ 3 bilhões a mais do que o esperado.
Só com as desonerações de impostos para automóveis, materiais de construção, eletroeletrônicos da linha branca, entre outros, o governo deixou de arrecadar R$ 10,87 bilhões. Outros R$ 4 bilhões foram subtraídos com compensações tributárias atípicas, lançadas por algumas empresas, sobretudo a Petrobras.
A Receita não informou o quanto da perda de receita decorreu do aumento da inadimplência das empresas que, diante da escassez de crédito, se financiaram com o atraso no recolhimento de tributos. Entre outubro do ano passado e janeiro deste ano, essa prática teria reduzido em cerca de R$ 1,1 bilhão a arrecadação federal.
"Se temos menos receitas, temos que adequar as despesas. Não há como escapar disso", disse o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ao anunciar na semana passada que o assunto seria tratado nesta semana com o presidente Lula. Segundo o ministro as desonerações feitas pelo governo federal chegaram ao limite do possível.
Em dezembro de 2008 um decreto presidencial reduziu o IPI dos carros populares de 7% para zero. Para os modelos médios o governou cortou o tributo à metade, com uma diminuição da alíquota de 13% para 6,5% (movidos a gasolina) e de 11% para 5,5% (nos modelos flex e a álcool). A subida, agora, será progressiva e deverá obedecer às expectativas de retomada do crescimento econômico.
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