quarta-feira, 29 de julho de 2009

Kia Motors quer 2% do mercado nacional e investirá nos motores flex

Crossover urbano Soul será o primeiro modelo fabricado no Brasil.
Presidente da Kia no Brasil, José Luiz Gandini, fala ao G1 sobre projetos.


Foto: Divulgação
Presidente da Kia Motors do Brasil, José Luiz Gandini

Despertar a curiosidade dos brasileiros e atrair clientes que nunca pisaram em uma concessionária da Kia Motors é a primeira “missão” do Kia Soul no Brasil. O modelo, lançado na última sexta-feira (24) no país, é a principal aposta da marca sul-coreana e será, em breve, o primeiro modelo Kia produzido em solo brasileiro – inclusive, com motorização flex. A estreia deste modelo e do novo Cerato, em agosto, ajudarão a Kia a atingir 25 mil unidades vendidas no mercado em 2009, o que representa crescimento de 25% em relação ao ano passado. O objetivo da empresa é chegar a 2011 com 2% do mercado nacional de automóveis e veículos leves, ou seja, 50 mil unidades vendidas.

Para fixar a marca na cabeça do brasileiro, a empresa investe R$ 15,3 milhões em publicidade, entre mídia e produção, que utilizará como jargão a criação de uma nova categoria de veículos no país, a de “carro design”. Aliás, design é o foco de crescimento da Kia no mundo. A montadora, inclusive, já redesenhou a grade frontal de seus veículos para fazer alusão às presas de um tigre, o que ilustra bem a meta de abocanhar o mercado mundial.

Em entrevista ao G1, o presidente da Kia Motors do Brasil, José Luiz Gandini, fala sobre a nova fase da marca no país e os projetos de instalação da unidade fabril em Salto, no interior de São Paulo.

Foto: Divulgação
Kia Picanto, também chamado de Morning, recebeu mudanças estéticas

G1 — Como o senhor enxerga agora o mercado brasileiro, com a prorrogação do desconto sobre o IPI (Imposto Sobre Produto Industrializado) e o corte da taxa básica de juros (Selic)? O senhor acredita que o crédito e os prazos longos de financiamento voltarão ao patamar de antes da crise?
José Luiz Gandini —
Sem dúvida nenhuma volta tudo, o Brasil já superou esta crise. Eu cheguei nesta quinta-feira (23) dos Estados Unidos. Lá você vê aquela loucura, aquelas promoções, porque ninguém compra carro. Está todo mundo com medo e aqui não. Todos vendem e, todo mês, o volume de vendas cresce. Acho que a gente tem que tirar o chapéu para o presidente da República porque ele agiu de forma rápida no momento certo. Se ele deixasse o negócio teria descambado. Nós (Kia) tivemos uma queda de vendas neste ano, mas foi porque faltou produto, por causa de homologação. Não saiu o CAT (Certificado de Adequação à Legislação de Trânsito), então o Picanto 2010 está no porto e não podemos vender, o Cerato antigo acabou e eu não posso vender o novo, o Soul também ficou parado por causa de CAT.


G1 — Especialistas apontam como importante a prorrogação do desconto do IPI para 2010. O senhor acredita que seja necessário?

Gandini — Acho que não precisa. Os 6% de desconto no valor do carro funciona mais pelo lado psicológico. Se ele voltar a cobrança gradativamente como está previsto, acho que será o suficiente. O que vai fazer realmente a diferença é o crédito. Muita gente ficou preocupada em deixar de receber salário e decidiu não assumir um financiamento.

G1 — E as operações da Kia também apresentaram crescimento satisfatório?
Gandini —Vamos vender 25 mil carros neste ano contra 20 mil no ano passado, devemos crescer 25%. Muito particularmente tenho um número maior que este, porque no ano passado eu previa vender 35 mil carros neste ano. Quando tive todo esse problema com homologação, a gente repensou isso e estamos revendo os números para 25 mil, prova disso é que na primeira metade do ano reduzimos o ritmo, mas nós vamos crescer. Além disso, acredito que o dólar feche o ano a R$ 1,85, o que vai ajudar.

G1 — Para 2011, você havia dito que a expectativa é de atingir 50 mil unidades.
Gandini —
Isso, nós queremos 2% do mercado brasileiro.

Foto: Divulgação
O caminhão Kia Bongo será produzido no Uruguai

G1 — Isso só será possível com o início da produção da fábrica em Salto?

Gandini — A fábrica do Bongo, no Uruguai, já vai ajudar. Ela começa a produção entre novembro e dezembro e exportará para o Mercosul.

G1 — O projeto de instalação da fábrica de Salto foi interrompido por causa da crise?
Gandini — Foi sim. O terreno está lá, eu comprei com essa intenção. Não vendi e não aluguei, porque a ideia continua a ser instalar a fábrica, mas acho que é o momento de repensar as coisas para não fazer bobagem. Por isso decidimos partir inicialmente para a fábrica do Bongo no Uruguai.

G1 — A fábrica de Salto irá se tornar um centro exportador para o Mercosul e, assim, fugir da alíquota de importação?
Gandini — Essa é a ideia. Não dá pra concorrer com a fábrica na Coreia do Sul, que me fornece as peças. Além disso, a briga com o governo para diminuir a alíquota de 35% sobre o produto importado está difícil. É sacanagem [risos] você ver sedãs vindos do México, por exemplo, sem a alíquota. Com a fábrica aqui, conseguimos ter competitividade de preço.

Foto: Daigo Oliva/G1
Kia Soul

G1 — O primeiro carro produzido nesta unidade será o Soul?
Gandini
— Será o Soul flex. O motor desse carro será produzido na Coreia do Sul e o montaremos aqui.

G1 — Qual é a visão sul-coreana sobre a entrada dos fabricantes chineses no mercado brasileiro? Isso será uma pressão para acelerar o início da produção da Kia aqui?
Gandini
— O chinês pode até fazer maravilhas, mas não é pra já. Falta tecnologia, falta acabamento, primor. Eu fui para a China ver marcas para trazer e não tive coragem. Hoje o Código de Defesa do Consumidor é muito forte, se você trouxer produtos para cá que não atendam às necessidades, você vai ter problemas seríssimos, então eu não quis trazer. É lógico que eles vão aprender, como aconteceu com o produto japonês e o próprio sul-coreano.

G1 — A instalação da fábrica da chinesa Chery no país surge como uma ameaça no mercado?
Gandini —
Não vejo como uma ameaça, aqui tem lugar para todo mundo. Eu acho que o sul-coreano está anos luz à frente do chinês em tecnologia, em acabamento e qualidade, então não tenho medo do chinês agora, no curto prazo, futuramente não sei. Mas até lá, o sul-coreano vai se atualizando. Na verdade, nosso concorrente direto é o carro japonês.

G1 — Além do novo Cerato, quais serão os próximos lançamentos?
Gandini —
Tem o Sorento novo para o começo do ano que vem. Ainda não tem mais modelos previstos para 2010.

G1 — E o Soul flex, ele também chega em 2010, não?
Gandini — O Kia Soul flex será uma briga mais forte.

Fonte: G1

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