terça-feira, 4 de agosto de 2009

Lei que regulamenta profissão de mototaxista cria polêmica

Serviço pode aumentar o número de mortos e feridos no trânsito.
Na Grande SP, quase 90% dos mototaxistas trabalham na ilegalidade.


Todos os dias, motociclistas rasgam ruas e avenidas em alta velocidade nas grandes cidades brasileiras. Fazem entregas, levam correspondência e, agora, até o transporte de passageiros está permitido.

É uma profissão de risco. E é por isso que se discute tanto a nova lei que regulamenta essa atividade. Muita gente acha que os riscos são muito grandes. Em São Paulo, todos os dias morre um motoqueiro no trânsito. A prefeitura já disse que é contra a lei, sancionada na semana passada pelo presidente Lula. Mas quem já faz esse serviço hoje ilegalmente na cidade acha que a lei pode ajudar a trazer mais segurança.

O assunto é polêmico. Em Araraquara, no interior paulista, é só desembolsar de R$ 3 a R$ 5 para contratar um mototaxista. Na cidade de 200 mil habitantes, o serviço foi regulamentado pela prefeitura em 2001. Em São Paulo, também é possível contratar um mototáxi. Mas o serviço é clandestino.

Na maioria das vezes a negociação é feita por telefone. “O mínimo de quilometragem rodada, é claro, é cinco quilômetros. No caso, a gente roda para qualquer lugar. Não carrega menor de 10 anos nem maior de 65 anos, por segurança. Nem gestantes acima de 6 meses", afirma o mototaxista Rodrigo Latorre.

Rodrigo é um dos que trabalham na ilegalidade. Tem em média cinco clientes por dia. E tenta - do seu jeito - evitar acidentes: “Eu passo uma orientação de como subir na moto, como acompanhar o trajeto para não estar desequilibrando na hora que eu estou dirigindo, já falo para a pessoa ir bem agasalhada, para se proteger também e o uso do capacete", afirma o mototaxista.

Nos últimos três meses, metade dos pacientes que passaram pela UTI de ortopedia e traumatologia do Hospital das Clínicas – hospital de referência no atendimento a acidentados em São Paulo - pilotava ou estava na garupa de uma motocicleta. A preocupação dos médicos é que o serviço de mototáxi aumente o número de mortos e feridos principalmente nas grandes cidades.

“A moto é um veículo extremamente inseguro para transporte de passageiro. Ela é muito instável. Então qualquer coisa que aconteça, uma poça d’água, a moto pode cair e ter ferimentos graves no condutor e no passageiro”, afirma a fisiatra do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do HC Júlia Greve.

Na Grande São Paulo, já são 170 mil motociclistas que fazem entregas. Quase 90% trabalham na ilegalidade.

“Estamos há 19 anos tentando criar um corpo e formar uma regulamentação e profissionalizar esse motofretista, o que dirá o mototáxi, que vai chegar agora. Por isso eu acho que tem que ser feito trabalho sério em cima disso para que não comece e seja mais uma profissão de risco na cidade, ainda mais no trânsito que é coisa complicada”, diz Renato Reis.

Os últimos detalhes da lei ainda serão definidos pelo Conselho Nacional de Trânsito e caberá a cada prefeitura definir as regras sobre o serviço de mototáxi. Em São Paulo, está em discussão uma proposta que restringe esse tipo de transporte a bairros distantes do Centro da cidade.

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