Exuberância legislativa do órgão produziu erros bisonhos |
por FERNANDO CALMON |
A exuberância legislativa da atual direção do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) tem prós e contras. Alfredo Peres da Silva, nomeado diretor do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), em 2005, e depois acumulando a presidência do Contran, coordenou nada menos de 160 resoluções em cinco anos, sem contar deliberações e portarias. As resoluções, com força de lei, em sua maioria mostraram consistência e pontos polêmicos não foram deixados de lado. Houve muitos interesses contrariados, apesar das pressões. Porém nem tudo correu exatamente como esperado. Extintores de incêndio, engates de reboques, quebra-matos e películas escurecedoras são exemplos de temas que deveriam receber outro tratamento. Melhor se fossem banidos do que regulamentados. Também ocorreram erros bisonhos. Um deles, estabelecer o tamanho das placas traseiras que não cabiam em alguns modelos. Entre os vários acertos podem ser apontados, a obrigatoriedade de indicação dos radares nas vias, além do estudo técnico dos locais de instalação; o manual brasileiro de sinalização de trânsito; a autorização do uso de navegadores GPS; a regulamentação de alterações técnicas nos carros (suspensões, rodas, faróis de xenônio) e de vagas para portadores de deficiência e idosos; o relatório de avarias para a classificação dos danos em acidentes. Publicada em 22 de dezembro último, a resolução 299 é positiva. Dispõe sobre a padronização dos procedimentos para apresentação de defesa de autuação e recurso contra multas. Ao entrar em vigor em 30 de junho próximo, dará mais segurança a quem desejar recorrer. A resolução 282 passou a exigir a verificação, no momento de transferência de propriedade, da compatibilidade entre números do chassi e do motor. A intenção é boa: combater o comércio de veículos e peças irregulares. No entanto, a portaria 131, de 24/12/2008, exige a inspeção apenas nos Detrans ou locais autorizados. Traz desconforto aos motoristas que antes executavam esses serviços em oficinas, concessionárias ou domicílio. Por outro lado, o Contran sofreu reveses por puro voluntarismo. A Justiça mandou revogar, em dezembro passado, a resolução 276 que obrigava o recadastramento das carteiras de motoristas sem foto, além de impor a punição esdrúxula de um novo processo de habilitação, caso se perdesse o prazo do exame médico. Duas ilegalidades flagrantes. Agora, outra confusão à vista. O procurador da República Márcio Araújo recomendou ao Contran anular a resolução 245 que tornou obrigatório, a partir de agosto próximo, a instalação de sistema de rastreamento em todos os veículos novos. O dispositivo terá seu custo, sem dúvida, repassado ao preço do carro, o que já é ruim. Cabe ao motorista habilitar a função. Se não o fizer, nunca será rastreado. Mas o procurador alega que as seguradoras vão induzir à habilitação. Assim, em poucos anos, milhões de motoristas podem ser bisbilhotados contra a vontade, caso os bancos de dados sofram violação. Trata-se de mais um crime em potencial, como grampo em telefones, que talvez se deva evitar na raiz. Com a Justiça, a palavra final sobre vantagens e desvantagens. Roda Viva FABRICANTES trabalham nos bastidores pela continuidade do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) baixo além de 31 de março, como a coluna antecipou. Uma proposta é prorrogar por mais um trimestre. Outra preconiza o aumento de um ponto percentual por mês, o que levaria o incentivo a ser extinto paulatinamente até outubro. Esta última parece melhor, ao administrar a demanda ao longo do tempo. PELO menos em São Paulo, o crédito de R$ 4 bilhões do banco estadual Nossa Caixa (vendido ao Banco do Brasil), anunciado no ano passado, está aos poucos beneficiando também o financiamento de carros usados. Esse recurso estava meio travado. Agora dará suporte à recuperação desse importante segmento, sem o qual o mercado de novos não se estabiliza. ENTRE os incentivos da nova lei dos consórcios está a possibilidade do desistente receber o que já pagou sem precisar esperar o final do grupo. Mas precisará entrar em um sorteio mensal para recuperar seu dinheiro. Se for um consorciado do tipo sem sorte, ficará mesmo para o fim. Alguns desconhecem esse detalhe. É bom saber antes de se inscrever. OUTRO pormenor, pouco explicado pelos defensores do consórcio, é que o sistema está livre de juros, porém não do aumento das prestações: basta o veículo sofrer alteração no preço sugerido. Ao longo dos anos, pode subir até mais do que a inflação. Afinal haverá exigências crescentes das legislações de segurança e ambiental e os custos serão repassados aos preços. |
FÁBRICA de Catalão (GO), do Grupo Souza Ramos, vai produzir três novos modelos da Mitsubishi, inclusive para exportação. Um deles, finalmente, será um automóvel. Lancer sedã é forte candidato. Os outros devem permanecer na especialidade da casa: Pajero Full e Outlander. A empresa brasileira ainda não confirmou os modelos escolhidos, o que promete para breve.
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