segunda-feira, 1 de junho de 2009

Concessionárias financiam carros em até 80 vezes

Apesar das ofertas, consumidor prefere financiamentos mais curtos.
Economista mostra que, juros em seis anos pagariam um novo carro.

Parece que depois do sonho da casa própria, ter um carro é o que todo brasileiro quer. Mas o financiamento vale a pena? Com o tempo, o carro se desvaloriza, e o saldo devedor por acabar sendo maior do que toda dívida.

Juros menores, prazos maiores: as facilidades para financiar um carro novo estão voltando ao mercado. Nas concessionárias é possível encontrar financiamentos de até 72 meses - parcelamento que não se via desde outubro do ano passado. Tem banco já oferecendo 80 meses para quitar a divida. São mais de seis anos para pagar.

Para poder comprar um carro novo, a auxiliar administrativo Juliana Correa decidiu encarar um financiamento de seis anos. “Ao todo, 72 vezes são muitas parcelas. Mas o preço ficou bem acessível, e o carro é zero, a manutenção é zero. Então, a gente decidiu isso mesmo”, comenta.

Apesar dos prazos estendidos, a preferência do consumidor ainda é por financiamentos mais curtos, de 40 meses, em média, segundo a Associação dos Bancos de Montadoras.

Em uma concessionária, os prazos mais procurados são os de 60 meses. “Com o plano de 72 meses, nós vamos começar a sentir o mercado agora. Por enquanto, é um valor muito pequeno”, reconhece a gerente da concessionária, Ana Maria Junqueira.

É preciso tomar alguns cuidados com financiamentos longos, diz o professor de finanças e economista William Eid. Ele fez uma pesquisa com seis modelos de carros. Em seis anos, a perda de valor chega a 40%: “Se o carro saiu de linha, a vida é muito ruim, porque essa desvalorização pode chegar a 60% ou 70%”, afirma o economista William Eid.

O professor fez a conta: um veículo de R$ 30 mil que tenha desvalorização de 30% em quatro anos valeria R$ 21 mil depois desse período. Se ele foi financiado em seis anos, ainda restariam 24 prestações. Ou seja, R$ 16,8 mil para pagar nos dois anos seguintes. É quase o preço do carro.

Se o dono precisar vender, “ele vai ter que entregar o carro praticamente, porque ele vai estar devendo 24 prestações, e o valor do carro vai se aproximar do valor dessas prestações”, explica o economista William Eid.

O ideal, diz ele, é fazer dívida de no máximo três anos: “Às vezes, é muito mais vantagem comprar um bom carro usado, quase que à vista ou com financiamento bem curtinho a ir para um carro zero quilômetro. Um carro usado vale tão pouco. O valor de um carro e oito ou dez anos é tão pequeno que talvez seja mais interessante”, diz o professor.

Foi essa a conta que o gerente de marketing Reinaldo Cavassana fez, quando decidiu comprar um usado no mês passado: “Esse que eu comprei custou 30% do valor de um novo, com todas as comodidades. Tem câmbio automático, com a segurança de uma ABS, de um air bag. Eu prezo muito essa questão de segurança e conforto”

Para não ter prejuízo com manutenção do usado, Reinaldo pediu ajuda ao vendedor Marcelo Sanches Martin para escolher o carro. Ele trabalha com venda de seminovos há 25 anos e diz o que observar antes de levar um seminovo pra casa: a começar pelo alinhamento da parte externa do veiculo.

“O alinhamento tem que estar em uma posição uniforme, não pode estar com diferença de altura, de cor. Desalinhamento e diferença de cores podem indicar algum tipo de acidente”, aconselha Marcelo.

O comprador também deve olhar a parte interna do carro: “Se a pessoa utiliza muito o veiculo, a tendência dos bancos, realmente, é ter a espuma muito gasta, e o volante também. Tudo isso indica muita quilometragem, muito uso e mal estado de conservação também”.

Outros prazos de financiamento estão sendo alongados. Aos poucos, o crédito vai voltando ao mercado.

0 comentários:

Postar um comentário