Apesar das ofertas, consumidor prefere financiamentos mais curtos.
Economista mostra que, juros em seis anos pagariam um novo carro.
Parece que depois do sonho da casa própria, ter um carro é o que todo brasileiro quer. Mas o financiamento vale a pena? Com o tempo, o carro se desvaloriza, e o saldo devedor por acabar sendo maior do que toda dívida.
Juros menores, prazos maiores: as facilidades para financiar um carro novo estão voltando ao mercado. Nas concessionárias é possível encontrar financiamentos de até 72 meses - parcelamento que não se via desde outubro do ano passado. Tem banco já oferecendo 80 meses para quitar a divida. São mais de seis anos para pagar.
Para poder comprar um carro novo, a auxiliar administrativo Juliana Correa decidiu encarar um financiamento de seis anos. “Ao todo, 72 vezes são muitas parcelas. Mas o preço ficou bem acessível, e o carro é zero, a manutenção é zero. Então, a gente decidiu isso mesmo”, comenta.
Apesar dos prazos estendidos, a preferência do consumidor ainda é por financiamentos mais curtos, de 40 meses, em média, segundo a Associação dos Bancos de Montadoras.
Em uma concessionária, os prazos mais procurados são os de 60 meses. “Com o plano de 72 meses, nós vamos começar a sentir o mercado agora. Por enquanto, é um valor muito pequeno”, reconhece a gerente da concessionária, Ana Maria Junqueira.
É preciso tomar alguns cuidados com financiamentos longos, diz o professor de finanças e economista William Eid. Ele fez uma pesquisa com seis modelos de carros. Em seis anos, a perda de valor chega a 40%: “Se o carro saiu de linha, a vida é muito ruim, porque essa desvalorização pode chegar a 60% ou 70%”, afirma o economista William Eid.
O professor fez a conta: um veículo de R$ 30 mil que tenha desvalorização de 30% em quatro anos valeria R$ 21 mil depois desse período. Se ele foi financiado em seis anos, ainda restariam 24 prestações. Ou seja, R$ 16,8 mil para pagar nos dois anos seguintes. É quase o preço do carro.
Se o dono precisar vender, “ele vai ter que entregar o carro praticamente, porque ele vai estar devendo 24 prestações, e o valor do carro vai se aproximar do valor dessas prestações”, explica o economista William Eid.
O ideal, diz ele, é fazer dívida de no máximo três anos: “Às vezes, é muito mais vantagem comprar um bom carro usado, quase que à vista ou com financiamento bem curtinho a ir para um carro zero quilômetro. Um carro usado vale tão pouco. O valor de um carro e oito ou dez anos é tão pequeno que talvez seja mais interessante”, diz o professor.
Foi essa a conta que o gerente de marketing Reinaldo Cavassana fez, quando decidiu comprar um usado no mês passado: “Esse que eu comprei custou 30% do valor de um novo, com todas as comodidades. Tem câmbio automático, com a segurança de uma ABS, de um air bag. Eu prezo muito essa questão de segurança e conforto”
Para não ter prejuízo com manutenção do usado, Reinaldo pediu ajuda ao vendedor Marcelo Sanches Martin para escolher o carro. Ele trabalha com venda de seminovos há 25 anos e diz o que observar antes de levar um seminovo pra casa: a começar pelo alinhamento da parte externa do veiculo.
“O alinhamento tem que estar em uma posição uniforme, não pode estar com diferença de altura, de cor. Desalinhamento e diferença de cores podem indicar algum tipo de acidente”, aconselha Marcelo.
O comprador também deve olhar a parte interna do carro: “Se a pessoa utiliza muito o veiculo, a tendência dos bancos, realmente, é ter a espuma muito gasta, e o volante também. Tudo isso indica muita quilometragem, muito uso e mal estado de conservação também”.
Outros prazos de financiamento estão sendo alongados. Aos poucos, o crédito vai voltando ao mercado.
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